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quinta-feira, 31 de maio de 2012

O diagnóstico da dor...


O céu parecia compactuar com minha dor
estava nublado, acobertando completamente o sol
eu andava com dificuldade, aos tropeços, 
sentindo-me sufocada, claustrofóbica, ao ar livre...
"Astrocitoma", "astrocitoma", "astrocitoma", "astrocitoma"...
Aquela ultima palavra ouvida ecoava por minha mente,
termos que me passaram pela vida despercebidos 
agora causavam congestionamento em meu cérebro,
precisava urgente de um dicionário ou quem sabe um tradutor
buscar entender o conceito, para quem sabe, escalonar o sofrimento.


Como dividir aquela noticia com quem me amava
quando para mim era tão doloroso aceitar esse descaminho,
como aparentar conformismo, sorrir e fingir compreensão,
quando a revolta infla meu peito tomado por uma ácida cólera
Como encarar minha mãe, minha grande amiga
e dizer que o destino tomou o rumo inverso em nossa casa...
Como justificar essa decisão divina, olhando nos olhos de meu filho,
e suplicar que ele creia em Deus e entregue em suas mãos sua vida,
quando eu recebo tal sina...





Minha cabeça curtia uma ressaca sem o prazer da noite anterior,
sentia a cada tropeço, as palavras girando ao meu redor,
"astrocitoma", "astrocitoma", "astrocitoma", "astrocitoma"...
o nome do meu algoz me perseguia
as dores aumentavam, o diagnóstico me torturava...
meu filho, seu futuro, meu câncer "astrocitoma"...
Que palavra bonita (...dor...) carregada de tanto desengano,
sem esperança, sem tratamento, (...dor...) qualquer dia dizer adeus,
as lágrimas nos olhos de minha mãe,
o medo no abraço de meu filho...
o câncer, a dor, as lágrimas, o apoio de amigos, os sorrisos de incentivo...




O "astrocitoma",
por meses calado propagou-se...
o companheiro dos meus últimos dias, 
"astrocitoma"...
maligno, 
lentamente multiplicou-se...
E sem avisar, 
silencioso, 
o "astrocitoma" me levou...
e em meu lugar deixou as lembranças,
fatos e fotos que falam por mim...
Lembranças de uma grande mulher,
de uma valorosa filha e, 
de uma excepcional mãe...




Por Janna Teixeira, em lembrança de uma grande mulher...
























8 comentários:

  1. olá guria

    é estranho o amor

    horas nos leva ao ceu

    horas ao inferno

    mas em meio a toda dor

    sempre existe um amanha

    e por ele vale apena lutar

    bjim

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    1. Guria, obrigada por estar acompanhando minhas notícias...
      um grande abraço!

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  2. Janna, o que dizer sobre esse tocante poema? Difícil. Lembrei da minha avó. Bjs

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    1. Oi Sérgio... \"Difícil"/ essa é a palavra correta para interpretar o conteúdo desse meu poema... Utilizei dessas palavras para lembrar uma grande pessoa que habitou essa terra e dividiu comigo suas virtudes...
      Um abração...

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  3. Nada pior do que a dor de espirito não é mesmo?.Bela poesia. Abç

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    1. Essa é a dor que mais machuca, pois ele é tão profunda que dilacera a alma...
      um grande beijo, e volte sempre!

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  4. Olá Janna,
    A vida nem sempre é sensata. Ela às vezes nos leva quem mais amamos e da pior forma.
    Lembrei-me de uma música do Legião Urbana -Os bons morrem jovens.

    "...é tão estranho, os bons morrem jovens,Assim parece ser quando me lembro de você,que acabou indo embora,cedo demais..."

    Um beijo em você e bom fim de semana.

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  5. Claudia, às vezes fico remoendo em meus pensamentos diante dessas decisões do destino, "os bons morrem jovens" não é uma regra, mas para muitas famílias tornou-se fato; é doloroso, apavorante e indescritível...
    beijos e um ótimo fim de semana pra ti!

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