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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

CAZUZA - O POETA DO ROCK


Cazuza era o nome artístico de Agenor de Miranda Araújo Neto, um compositor carioca,extremamente talentoso e irreverente que nos deixou prematuramente aos 32 anos por não resistir a um choque séptico causado pela AIDS, doença esta que 1989 assumiu ser portador.
Filho de João Araújo, um produtor da indústria fonográfica e Lucinha Araújo; Cazuza desde a infância conviveu com a música, ouvindo os grandes nomes da MPB e deleitando-se principalmente com as canções dramáticas e melancólicas cantadas por Lupicínio Rodrigues, Cartola, Dalva de Oliveira e Maysa, dentre outros.
-"Tenho loucura por dor de corno."
Precoce,  por volta dos 7 anos de idade, Cazuza começou a escrever poemas e letras, que eram mostradas a sua avó Alice, a primeira testemunha de seu talento.
Mais tarde em 1972, numa visita a cidade de Londres conheceu a música de Janis Joplin, Led Zepellin e Rolling Stones, tornando-se grande fã.
Possivelmente daí tenha surgido a interessante união que cercou a carreira desse artista: um sentimentalismo extremo misturado à rebeldia, colocando-o como um artista ímpar.
Cazuza entregou-se às várias formas de amor, polêmico assumiu publicamente sua bissexualidade e o envolvimento com drogas, era um boêmio por natureza...
-"A noite é uma opção de vida. Gosto de acordar tarde e dormir com o dia nascendo. Por isso, a música Pro dia nascer feliz é a história da minha vida"
Sua participação no Barão Vermelho, levou a banda a tornar-se parte do quarteto sagrado do rock brasileiro, junto ao Legião Urbana, Titãs e Paralamas do Sucesso. A parceria com Roberto Frejat, transformou-se em grandes composições, sendo esta dupla uma das mais festejadas no rock nacional.
Por algum tempo, o Barão Vermelho carregou o rótulo de 'banda maldita', e apesar dos elogios e manifestações de grandes nomes, sua música não tocava nas rádios; porém com a gravação de 'Pro dia nascer feliz' por Ney Matogrosso, esta situação mudou e a banda deslanchou publicamente. Sendo logo em seguida, convidada a compor a trilha sonora para o filme Bete Balanço, de onde a música homônima, tornara-se um grande sucesso.
No ano de 1985, apesar da popularidade do Barão Vermelho, Cazuza decide pela carreira solo, buscando assim, maior liberdade para manifestar seus sentimentos musicais e poéticos. Neste mesmo ano, Cazuza é internado com Pneumonia, e talvez esse tenha sido um dos primeiros indícios da doença que o debilitaria posteriormente.
-"Eu sou muito diferente do pessoal do Barão. Sou mais velho, mais louco, mais boêmio: eles são mais saudáveis, acordam cedo, não fazem loucuras..."
Com o lançamento do primeiro álbum solo, vêm alguns dos grandes sucessos de sua carreira, Exagerado e Codinome Beija-flor, destacam-se. No segundo álbum, Cazuza opta por temas românticos, que afloram de sua veia lírica.
Já com a confirmação de ser soro positivo, e após passar uma  temporada nos Estados Unidos, submetendo-se a o tratamento com AZT, Cazuza volta ao país e inicia os trabalhos para o disco Ideologia, neste álbum destacam-se as músicas Ideologia,  Brasil, Faz parte do meu show. Uma turnê viaja pelo país, e o show dirigido por Ney Matogrosso é sucesso, a música Brasil (na voz de Gal Costa) invade o horário nobre, como tema da novela Vale Tudo.
O tempo não pára, é gravado ao vivo no Canecão - RJ e o disco torna-se um campeão de vendagens, sendo inclusive levado ao público pela Rede Globo em VHS.
Em outubro de 1988, fala sobre o tratamento a base do chá ayahuasca, bebida difundida pela seita do Santo Daime, que objetiva a cura e o bem estar do indivíduo:
-"Tenho feito mil experiências. Fui ao Santo Daime e achei interessante. Foi uma experiência fantástica tomar o Daime. Eu já tinha tomado muito ácido, cogumelo, mas era diferente. O Daime é uma coisa religiosa, uma coisa de sentir Deus, sabe? Eu não vou lá todo dia, pois eu não gosto dessa coisa de clube, seita. Mas foi uma ajuda. Eu descobri uma coisa religiosa em mim que é muito importante para minha cabeça"
Cazuza ainda tinha muito a mostrar, e em 1989, após assumir publicamente ser portador do vírus HIV e utilizar-se de sua imagem para promover uma campanha de prevenção a doença.
-"Nunca escondi que sou bissexual. A aids não é uma epidemia e ninguém pode deixar de se amar por causa dela. Vamos usar camisinhas! Vamos resistir até que encontrem a cura para essa doença".
 Já em cadeiras de rodas, extremamente debilitado e com a voz mais fraca, nos apresenta seu último registro musical, o álbum duplo Burguesia (que trazia um disco com composições de rock e o outro dedicado à MPB).
Em outubro parte para outros 5 meses de tratamento em Boston, retornando ao Brasil em março.
 No dia 7 de julho de 1990, morre...
-"Homem que é homem volta atrás, mas não se arrepende de nada".


Lucinha Araújo, que sempre esteve ao lado do filho participando de sua luta contra a AIDS, fundou a ONG Sociedade Viva Cazuza, em 1990, que busca proporcionar a crianças soro positivas o direito a uma vida melhor.
E de seus 9 anos de carreira, Cazuza deixou além de um legado musical magnífico; o grande exemplo de luta pela vida.

2 comentários:

  1. Cazuza sempre viveu a frente de sua época, e morreu antes de alcança-la, mas nos deixou um grande acervo de canção que descreveriam ser tirar nem por os tempos em que vivemos!
    Realmente ele foi um poeta e dos grandes, sou um grande admirador de suas músicas!
    Beijão Janaina!!!

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    1. Valeu Aurélio! Escrever sobre Cazuza é sempre bastante prazeroso, pois especialmente para mim, sua fã, é de um significado excepcional...

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